terça-feira, 12 de novembro de 2013

Shichi Fukujin, os 7 Deuses da Sorte

Os  Sete Deuses da Fortuna

Shichi Fukujin (七福神) são os 7 deuses da sorte e da fortuna e precursores de conhecimento, riqueza, saúde, prosperidade, etc. Faz parte da mitologia e tradição japonesa relacionada ao Ano Novo (O Shougatsu). Assim como para nós, o Papai Noel e seu trenó, juntamente com as renas são referências do Natal, os sete deuses em sua arca, o Takarabune (arca do tesouro), são referências do Ano Novo no Japão, para trazer presentes, fortuna, felicidade e sorte.

Uma superstição muito comum é colocar uma imagem com os 7 deuses no Takarabune, debaixo do travesseiro, no dia de Ano Novo, para trazer sorte para o ano que está começando. Dentre os 7 deuses, apenas um tem suas origens no Japão, o Ebisu. Os outros seis deuses são originários de outras culturas, como China e Índia, sendo assimilados ao longo dos séculos pela mitologia e cultura japonesa.

Conheça os 7 deuses da sorte e da fortuna

Fukurokuju (Deus da felicidade, sabedoria, longevidade e fertilidade),

Hotei (Deus da felicidade e abundância),

Juroujin (Deus da longevidade),

 Bishamon (Deus da guerra e dos guerreiros),

 Ebisu (Deus dos pescadores, comércio e riqueza), 

Benzaiten (deusa das artes e do conhecimento) e

Daikokuten (Deus da riqueza e prosperidade)




             Hotei: Deus da abundância e da felicidade

Hotei: 
também é conhecido como Buda risonho e é retratado como um monge budista e eremita, que viveu na China no século 10. É considerado o patrono das crianças pobres, para quem entrega os presentes que carrega em sua grande bolsa.
É careca, baixinho e sua grande barriga simboliza o seu grande coração e foi muito amado pelo povo. Mesmo deitando sobre neve, seu corpo não se molha, acerta todas as previsões de tempo, e, segundo contam, nunca errou ao adivinhar sobre a sorte das pessoas.
Jurojin: Deus da Longevidade

Jurojin, 
também conhecido como Gama, tem sua origem na China no final do século 11, assim como Hotei. Possui uma longa barba branca, cabeça alongada e careca, vestido como um sábio chinês, sempre sorridente. Muitas vezes é confundido com o deus Fukurokuju, devido às semelhanças físicas.
Anda sempre acompanhado do seu cajado, um copo com Sake e um pergaminho, onde está escrito o tempo de vida de todos os seres que habitam a Terra e também sobre toda a sabedoria do mundo. Ele viaja sempre na companhia de animais como cervos, tsurus e tartaruga, símbolos da longevidade no Japão.
Fukurokuju: Deus da sabedoria, riqueza e fertilidade

Seu nome se traduz literalmente como: Fuku – Felicidade, Roku – Riqueza e Ju – Longevidade. Ele tem origem chinesa e é muitas vezes é confundido com Jurojin, pois compartilha muitas características semelhantes. Ambos têm uma testa longa – símbolo de sua sabedoria, possuem barba branca e comprida, são carecas e se vestem tipicamente como velhos sábios chineses.
Carregam consigo um pergaminho, um cajado e animais que simbolizam uma vida longa e sabedoria. O que separa Fukurokuju dos outros 6 Deuses é o fato de que ele é o único entre eles com a capacidade de ressuscitar os mortos e de sobreviver sem comer. Enquanto Jurojin carrega um copo de Sake com ele, Fukurokuju não.
Bishamon: Deus da Guerra e dos guerreiros

Bishamon, Bishamonten ou Tamonten,
 Como também é conhecido, é o Deus da Guerra e dos guerreiros. Sua origem é hindu e se caracteriza por vestir armadura, capacete e uma lança. Ele é considerado o protetor dos lugares por onde Buddha pregou e se tornou uma Divindade budista da Índia, defensor da paz, protetor dos justos e da lei budista.
É considerado símbolo de autoridade e tinha o poder de salvar os imperadores de doenças graves, de expulsar os demônios e a peste. Ele vive no meio da montanha sagrada de Sumeru. Traz boa sorte na batalha e na defesa e distribui tesouros e boa sorte aos pobres e pessoas dignas.
Benzaiten: Deusa da beleza, arte e conhecimento

Benzaiten,
 é o nome Japonês dado à deusa hindu Saraswati, deusa indiana. É a única deusa mulher dentre os sete deuses da sorte. Ela é a deusa de tudo o que flui – seja ele água, voz, música, e todo tipo de arte e conhecimento. Benzaiten é a filha do Rei Dragão de Munetsuchi, muito bonita e sua figura está sempre associada a um instrumento musical, geralmente sentada sobre um dragão ou serpente.
Segundo as lendas, ela tem o poder de se transformar em uma serpente. Originalmente ela é representada como a deusa de 8 braços, na Índia. Com eles, ela segurava o arco, a flecha, espada, machado, lança, pilão de comprimento, rodas de ferro e corda de seda. Porém, durante o período Kamakura – artistas e escultores passaram a retratar Benzaiten com dois braços e sempre carregando uma Biwa (instrumento musical).
Daikokuten: Deus da Riqueza e do Comércio 

Daikokuten 
é outro entre os Sete Deuses da Sorte do Japão que se originou na Índia. Originalmente Mahakala, uma emanação de Shiva, Daikoku chegou ao Japão – via o Tibete e a China. Ele é considerado o deus da riqueza, comércio, fazendeiros, cozinheiros, etc. Em pinturas e estátuas, Daikokuten é caracterizado com roupas de caça antiga, capuz ou gorro. Está sempre em pé ou sobre fardos de arroz e sua protuberante barriga indica que está bem alimentado e próspero.
Carrega na mão direita um martelo de madeira que, ao atingir, distribui sorte. No saco ao ombro, carrega tesouros, que antigamente eram arroz para superar a fome. Hoje são: sabedoria e paciência. Devido à sua associação com cozinha e alimentos, imagens de Daikoku são muito comuns nas cozinhas dos mosteiros budistas e casas particulares.
Ebisu: Deus dos Pescadores e da Riqueza

Ebisu 
é o único entre os Sete Deuses da Sorte que originou no Japão. Seu nome de nascimento é Hiruko e ele nasceu sem ossos, por causa da transgressão de sua mãe durante o ritual de casamento. Por ter nascido muito fraco e não conseguir andar, ele foi lançado ao mar em um barco, antes de completar seu terceiro aniversário.
Um Ainu chamado Ebisu Saburo o encontrou e o salvou. Por ter vindo do mar, Ebisu é o deus guardião das viagens marítimas e também guardião das plantações de arroz e agricultura em geral. É considerado o Deus dos Pescadores, do oceano, e crianças pequenas no Japão. Sua imagem é sempre relacionada a uma vara de pescar na mão direita e um peixe grande na sua esquerda. É dito ser filho de Daikokuten e por isso frequentemente é associado com ele.

Kagami Biraki – Cerimônia da Comunhão Espiritual


Cerimônia do Kagamibiraki
Cerimônia Kagami Biraki

Kagami Biraki (がみもち / 鏡開き) é um ritual tradicional de Ano Novo que ocorre no dia 11 de janeiro. Sua tradução literal seria “Abertura do espelho” e também “Corte de um Mochi”. É uma cerimônia realizada em muitas escolas tradicionais de artes marciais (dojos) e também em muitos lares e templos japoneses.

Se trata de uma tradição antiga realizada pelos samurais durante o século 15 e que foi adotado pelas artes marciais modernas, a partir de 1884, quando Jigora Kano (o fundador do judô), instituiu o costume no Kodokan, sede de sua organização, embora com algumas mudanças para se adaptar aos dias de hoje.
Desde então, outras artes japonesas, como Aikido, Karatê e Jujutsu, adotaram o ritual no Ano Novo, como uma tradição de nova consagração, renovação e espírito. Embora o dia oficial seja dia 11, muitas vezes a celebração acontece no 2° sábado ou domingo de janeiro para que todos os alunos possam participar.

Simbolismo do Mochi

mochi é considerado o maior símbolo do Ano Novo japonês pois é dito trazer sorte e abundância. O mochi é um bolinho de arroz feito no vapor e tem o aspecto pegajoso (mochi gome). No passado, o mochi era feito em casa, mas hoje em dia, a maioria das famílias já o compra pronto. Já o Kagami Mochi é o mochi ornamental de final de ano, que consiste em dois mochis sobrepostos, um maior que o outro e com uma laranja dadai no topo.
Durante o mês de dezembro, ele é colocado em um altar em um santuário ou tokonoma (alcova) como uma oferta às divindades que visitam no Ano Novo. No dia 11 de janeiro o Kagami mochi é quebrado em pedaços menores e repartido entre as pessoas antes de ser comido. Mas ele jamais deve ser cortado com uma faca, pois segundo superstições esse ato tem conotações negativas (como “cortar laços”).

Ao invés disso, o Kagami mochi deve ser quebrado com as mãos ou um martelo. Essa quebra simboliza “o que sai” na mitologia japonesa, como um ato de renovação espiritual. As peças menores são torrados e colocados no shiruko (sopa de feijão doce cozido) ou zoni (sopa de legumes e carne). Quando o Kagami Mochi é partilhado e consumido por todos, é visto como um ato de comunhão espiritual.
Acreditava-se que esse ritual não só simboliza a renovação das almas de seus ancestrais, mas também a absorção do espírito (ou aura) do Toshigama (Deusa do Sol). Por esta razão, comer Kagami Mochi sempre representa a renovação, dedicação, felicidade, sore, esperança, otimismo, oração e paz no ano novo.

Origem da Cerimônia Kagami Biraki

A origem da cerimônia teria começado por Tokugawa Ietsuna, o quarto Shogun do clã Tokugawa poderoso (1651-1680). Ele reuniu seu Daimyo (clãs feudais) no castelo de Chiyoda, antes de uma batalha e segundo uma versão, ele exibiu um espelho, realizaram uma dança de guerra na frente dele e depois oraram para a vitória.
No ritual, um barril de saquê foi quebrado com um martelo de madeira. Após a vitória de Ietsuna na batalha, o Kagami Biraki passou a se tornar uma cerimônia frequente para trazer sorte e vitória ao clã feudal. O Sakeassim como o mochi, é considerado sagrado e por isso está presente na maioria das cerimônias no Japão.
Nos últimos anos, algumas pessoas têm feito outras interpretações do Kagami Biraki. Como significa “Abertura do Espelho”, do ponto de vista xintoísta, o espelho seria sua auto-imagem, ou seja a imagem que você tem de si mesmo ou seu próprio ego. Ao quebrar o Kagami Mochi, você estaria quebrando sua auto-imagem que te liga ao passado, dando-lhe a oportunidade de experimentar o novo, o agora, o hoje.

Kagami Biraki nos dias de hoje

Atualmente, a cerimônia é realizada também em casamentos, eventos esportivos, na fundação de novas empresas e em outros eventos importantes. O mochi e o saque são distribuídos entre todos os participantes com o espírito de compartilhar um momento feliz, de união, cooperativismo e dedicação de um grupo.
A data foi escolhida próximo ao Ano Novo seria para demonstrar a importância do início, afinal Ano Novo significa um novo período de vida. Seria uma forma de começar o novo ano em alto espírito, partilhar a energia e a união entre as pessoas. Está também associada a uma limpeza espiritual de primavera.
Nas escolas de artes marciais, os dojos são limpos e decorações são freqüentemente colocados ao redor do dojo. Depois joga-se sal para que a cerimônia também seja de purificação. O sal simboliza a bondade, pureza e virtude, e ao ser varrido com ramos de pinheiros, leva com ele o material e impurezas espirituais do passado.
Se antigamente a partilha do mochi entre os membros da família e do clã ajudava a fortalecer os laços de lealdade e amizade entre os guerreiros, hoje em dia esse conceito continua. O mochi ajuda a preparar o corpo para o novo ano, assim como o Nanakusa Gayu no dia 7 de janeiro, é dito curar o corpo de muitas doenças.


お正月 - OSHOGATSU (ANO NOVO) - DE 1 A 3 DE JANEIRO

O Ano Novo, ou shogatsu , é considerado pelos japoneses o feriado mais importante do ano. No período de 1º a 3 de janeiro, as pessoas procuram descansar e passar o tempo com suas famílias.

Kadomatsu
Para purificar as energias, as casas são limpas e devidamente decoradas:
 o kadomatsu é colocado na entrada das casas para trazer sorte aos moradores; o shimenawa é colocado no portão, na intenção de afastar os maus espíritos e receber as divindades; o kagami mochi é colocado em altares religiosos e oferecido aos deuses.

Kadomatsu:
Ornamento feito com ramos de pinheiro (símbolo de longevidade), haste de bambu (símbolo de persistência) e galhos de ameixeira (símbolo de prosperidade).

Kagami Mochi:
 Bolinho de arroz menor em cima de outro maior. Oferenda que deve permanecer até o dia 11 de janeiro. Simboliza a expectativa de felicidade e prosperidade .

Shimenawa:
 Talismã feito com um pedaço de corda de palha grossa entrelaçada com tiras de papel branco. Depois são amarrados um cacho de laranja, um pedaço de alga marinha ou lagosta.

Shogatsubana:
Arranjos florais feitos com camélias, pinheiros e tuias (símbolos de longevidade); bambu (símbolo de força, resistência e flexibilidade) e crisântemos (símbolo de paz).

Rituais

Kagami Biraki:
No dia 11 de janeiro, o kagami mochi é partido em vários pedaços e servido numa sopa. A repartição é feita com as mãos ou martelo, pois, por ser um amuleto, não deve ser cortado com objetos afiados.
Joya no Kane:
Cerimônia em que os templos tocam o sino 108 vezes (o último toque acontece meia-noite em ponto). Acredita-se que cada badalada corresponde a um pecado humano. É comum visitar templos nos três dias de comemoração.
Bonenkai e Shinenkai:
 Um novo ano significa vida nova, por isso é necessário resolver os problemas e esquecer os rancores do ano anterior. Para isso são realizadas confraternizações chamadas bonenkai (em dezembro) e shinenkai (após o shogatsu). O primeiro purifica o espírito e o segundo dá boas vindas ao novo ano.
Namahage:
Realizado no dia 15 de janeiro. Rapazes vestidos de diabos ( Oni ) bagunçam casas e brincam de ameaçar pessoas com tridentes. Apesar de simbolizar a maldade, em algumas ocasiões o demônio é tratado no bom sentido. Neste caso, receber a visita de um oni é sinal de felicidade.

sábado, 8 de dezembro de 2012


Bonenkai – Festa de fim de ano no Japão

Bonenkai, a reunião de fim de ano no Japão
Bōnenkai (忘年会) – Reunião japonesa de final de ano
Todos os anos, durante o mês de dezembro, um ritual muito importante acontece em todo o Japão – o Bōnenkai, uma festa, ou uma reunião de fim de ano. Literalmente, o termo Bonenkai significa:  “esquecer”, Nen “ano”, kai “reunião”, que significa algo como “esquecer as mágoas, mazelas e problemas do ano que passou e se preparar para o novo ano que está chegando”.

Neste dia, colegas, funcionários de empresas, fábricas, escolas ou qualquer outro grupo de pessoas que tem contato regular uns com os outros como clubes, associações e outros, reúnem-se para ter uma chance de esquecer todos os problemas e preocupações que encontraram no decorrer do ano.

Esses encontros acontecem bem ao estilo japonês em Restaurantes ou Izakayas, onde geralmente os convidados sentam-se em em mesas baixas sobre o tatame, sentados em almofadas chamados de Zabuton. No começo, essas reuniões se iniciam quase sempre com uma atmosfera formal, semelhante a uma cerimônia.
Porém, após formalidade inicial, o ar sério desse encontro social tradicional se perde rapidamente durante o brinde oficial, sinalizando de fato o início da festa. Os convidados, em seguida, são servidos com cerveja, vinho, saquê, cocktails e outras bebidas alcoólicas e à medida que bebem, vão ficando se soltando mais.
Antes, eu não tinha idéia de que o álcool tinha um papel tão importante nos encontros sociais. É como se fosse um lubrificante social que ajuda a estreitar as relações no trabalho. Claro, que beber não é uma obrigação, mas a verdade é que a maioria dos japoneses costumam beber muito.
Quase sempre essas reuniões ocorrem no sistema Nomihodai e Tabehodai, ou seja bebe-se e come-se a vontade durante o período de algumas horas. A comida servida é especialmente a típica japonesa como sushis, sashimis, frutos do mar, e entre um brinde e outro, ressoa-se muitas conversas animadas e muitas gargalhadas.

No decorrer da noite é comum os convidados do Bonenkai participarem de algum tipo de entretenimento, como o Karaoke ou até apresentação de músicos profissionais. Os convidados acabam se “soltando”, devido ao excesso de álcool, ficando inclusive embriagados, mesmo aqueles mais tímidos.
Claro, que independente da quantidade de álcool e do comportamento gerado por causa dele, como alguns “vexames”, ou alguma atitude grosseira, no dia seguinte tudo é perdoado e esquecido normalmente, e o assunto nunca é abordado pelos participantes, exceto para dizer o quão agradável o evento foi.
Bonenkai karaoke
Essa é uma das regrinhas do Bōnenkai – Tudo o que acontece no Bōnenkai, permanece no Bōnenkai. A impressão é que esse dia é reservado para serem eles mesmos, sem o compromisso de seguir convenções sociais. E no dia seguinte tudo volta a ser como sempre foi. Essa capacidade de separar as coisas que acontecem sob influência do álcool, do relacionamento do dia-a-dia é simplesmente incrível.
E pode ter certeza de que é muito interessante e por vezes engraçado ver os japoneses “soltinhos”. Mas, melhor que tudo isso é saber que os japoneses mesmo quando estão embriagados, são capazes de reconhecer que não são capazes de dirigir e sempre chamam o Taxi de Bêbado (Taxi Daiko), um táxi que tem dois motoristas, um para levar o “bêbado” e outro para conduzir o carro do bêbado.
Bonenkai, festa japonesa de fim de ano

História do Bonenkai

A origem do Bōnenkai pode ser rastreada até o período Kamakura (1185-1333), quando a política e a economia no Japão era governada pelos guerreiros (bushi). Eles se reuniam no fim do ano para ler o waka (um tipo de poesia japonesa) e discutiam o que aconteceu naquele ano, enquanto saboreavam do mais refinado sake e de aperitivos, servidos em um Izakaya.
Com o passar dos anos, o Japão foi se modernizando e essa festa tradicional de fim de ano chegou às outras classes econômicas e hoje é uma celebração de confraternização realizada por toda a população japonesa, na qual as pessoas se reúnem como forma de aliviar as tensões e estresses do ano que passou.

Nessa época de dezembro, os restaurantes e Izakaya (pub estilo japonês) são muito requisitados para o Bonenkai e muitos devem ser reservados antecipadamente. Os custos com o Bonenkai é feito coletivamente (warikan), dividido entre todos que participaram. O preço vai depender do local onde vai ser realizado a reunião.
Um evento semelhante é o Shinenkai, festa de início de ano, que ocorre durante o mês de janeiro, para dar boas vindas ao no ano que está chegando.



O Ano Novo no Japão – Comidas do Oshougatsu


Como sabemos o Oshougatsu é uma das maiores celebrações no Japão, com uma série de ricas tradições, costumes, rituais, jogos e como não poderíamos deixar de mencionar, a culinária tradicional do Oshougatsu também é diferenciada e rica em alimentos que segundo as superstições japonesas, trazem boa sorte, saúde, longevidade e prosperidade. Conheça os principais alimentos que fazem parte do Ano Novo do povo japonês.

Kagami mochi (镜饼)


O Kagami Mochi é uma decoração especial do Ano Novo japonês para trazer boa sorte e prosperidade no ano novo. É composto por dois bolos de arroz ( mochi ) de diferentes tamanhos, o menor colocado sobre o maior, e um Daidai (um tipo laranja amarga japonesa) colocado na parte superior.
Uma explicação do nome é que a forma dos dois mochi é similar à forma dos espelhos (kagami), antigos, redondos e de cobre, utilizados durante o Período Muromachi. Além disso, o espelho, juntamente com a espada e a joia é um dos três objetos sagrados na religião xintoísta.
A escrita kanji para dadai é 代々, e pode significar “geração em geração”, assim o Dadai simboliza a continuidade das gerações e da vida longa, enquanto o mochi simboliza o ano passado e o ano que vem. Assim, o Kagamimochi simboliza a continuidade da família ao longo dos anos.

Kagami Mochi é mantida até o início de janeiro, quando, no dia 11, (ou no segundo sábado ou domingo de janeiro) é feito um ritual chamado Kagami Biraki (a abertura do espelho), o primeiro ritual importante depois do Ano Novo.
Durante o ritual, o kagami mochi é quebrado, com a mão ou com um martelo. Jamais deve-se usar uma faca pois isso significaria cortar os laços familiares. Os pedaços do mochi é cozido, levando o nome de shiruko e durante a cerimônia ingere-se o kagamimoshi ou abre-se um barril de saquê (Zouni).

Mochi ( 餅 )


Apesar de ser um alimento consumido no ano todo, ele é amplamente consumido durante as cerimônias do ano Novo, cerimônias e casamentos. No Japão, muitas pessoas fazem o mochi em suas próprias casas com uma máquina de mochi ou máquina de fazer pão.
Mochi é um bolo de arroz, levemente doce e glutinoso e segundo a tradição, deve-se oferecer aos deuses antes de serem consumidos no Oshogatsu. Essa tradição se originou de uma lenda chinesa, que diz que quem comer mochi no Ano Novo, estará comendo o espírito do arroz, enriquecido pelos deuses.
O processo para fazer o mochi é um tanto complexo. Um dia antes, ele deve ser deixado de molho, para que no dia seguinte seja sovado por duas ou mais pessoas. Durante o sovamento, deve-se ir acrescentando água para umedecer a massa. Depois de pronto, é preciso dar forma ao mochi. O formato depende de cada região, em Tóquio por exemplo, é comum o mochi ter o formato cúbico.

No entanto, a superstição manda não fazer mochi no dia 29 de dezembro, pois pode trazer má sorte. Isso porque, o “Mochi” soa como a palavra para “ter” e 9, “ku” soa como a palavra “problema”. Durante o Oshougatsu, ocorre o festival do Mochitsuki, onde o mochi é preparado e distribuído para o público. A data do festival, depende de cada local, mas geralmente ocorre no terceiro dia de janeiro.

Veja como se faz mochi:

Amazake (甘酒)

Amazake é uma bebida tradicional, feita de arroz fermentado, levemente adocicado, espessa e de baixo teor alcoólico. É também conhecida como saquê doce e é muito comum encontrar essa bebida nos templos durante o Hatsumode, podendo ser servido como bebida, sobremesa, lanche ou até molho para salada.

Como o Ano Novo no Japão é em pleno inverno, o Amazake é servido quente e com um pouco de gengibre ralado, o que ajuda os frequentadores dos Santuários a se esquentarem. Além de ser muito nutritivo, os japoneses acreditam que essa bebida cura até ressaca.

Toshikoshi Soba (macarrão de trigo sarraceno)


Este macarrão que tem essa coloração cinza escuro e com um sabor forte é feito com trigo sarraceno. Segundo a tradição japonesa, comer soba noodles na véspera do Ano Novo, especialmente durante a virada, traz longevidade e também é uma forma de se despedir do ano velho e saudar o ano novo, portanto é um prato importante durante o Reveillon japonês.

Osechi-ryouri (お節料理)


Durante os três primeiros dias do ano (sanganichi), os japoneses costumam comer Osechi. São alimentos dispostos artisticamente em uma caixa de madeira laqueada e decorada (juubako), geralmente de forma quadrada ou redonda.
Osechi é comprado em lojas de departamentos especializados e tem como objetivo dar um descanso para as donas de casa, ficando assim, isentas dessa função. O Osechi é servido frio e cada prato tem um significado para trazer sorte e prosperidade.
Alguns itens de alimentos que fazem parte do Osechi:
kazunoko (ovas de arenque), simboliza a fertilidade e prosperidade.
Kobumaki (Alga Kobu ou kombu enrolado) é consumida para trazer a felicidade no novo ano.
Datemaki (omelete) simboliza sabedoria e sucesso acadêmico.
Takenoko (broto de bambu), tem o mesmo significado do kazunoko, ou seja, simboliza a fertilidade e a prosperidade.

Ozoni (お雑煮)


Ozoni é uma sopa que serve como acompanhamento do Osechi, e segundo a tradição, atrai sorte. O jeito de preparar, depende de cada família, mas geralmente vai mochi (bolinho de arroz) e outros itens como vegetais, frango,frutos do mar,  kamaboko (pasta de peixe cozido no vapor), gomame (peixe seco “caramelizado” no molho de soja doce), kuromame (feijão preto cozido), kuri kinton (castanhas em purê de batata doce) entre outros.

Otoso ( 屠蘇)


Otoso é um vinho adocicado de arroz e segundo a tradição japonesa, fazer um brinde (kampai) com essa bebida durante a virada do ano, traz sorte e também tem o poder de exorcizar os maus espíritos.


domingo, 7 de outubro de 2012


Leques tradicionais japoneses


Leques tradicionais japoneses
Os leques tradicionais japoneses (ファン, lê-se Fuan) são algo que logo vem à nossa cabeça quando pensamos nos objetos que fazem parte da cultura japonesa, assim como o katana. Na verdade, os tradicionais leques tem permeado a cultura japonesa ao longo de sua história. Por exemplo, uma gueixa jamais ficará completamente vestida se não estiver segurando esse acessório ornamental.

No Japão, ele tem uma série de utilidades, que vai além do óbvio, que é proporcionar uma brisa fresca ao usuário. Antigamente, os leques já foram usados em cerimônias religiosas, com a intenção de afastar o mal. Era também muito usado para proporcionar sombra para a moças aristocratas ou da realeza japonesa.
Leques japoneses
Os leques também serviam para definir o status social: Manter o leque fechado entre você e outra pessoa, significava que seu status era superior ao da outra pessoa. Já mantê-lo aberto, significava o contrário. Os leques também foram muito usados no teatro japonês kabuki e Noh para acentuar os movimentos de dança.
Para nós ocidentais pode ser um simples objeto para se refrescar no verão, porém no Japão, eles ganham um contexto altamente cultural, histórico e artístico, as quais muitos deles são pintados à mão com belas ilustrações ou escritos belas mensagens ou ideogramas. Também podem ser usados como acessórios de decoração nas casas, ou presos na parede ou em pé, sobre algum móvel.
Leques japoneses tradicionais kabuki decoração
Os leques passaram a se popularizar entre a população comum a partir do século 16. As ilustrações comuns nessa época era de retratos de atores do kabuki, paisagens ou mensagens. Hoje em dia ele é muito visto nos festivais, onde as moças vestidas de yukata, (quimono de verão), se abanam durante o verão quente e úmido japonês.
Leque japonês Festivais


Tipos de leques tradicionais japoneses


Existem basicamente dois tipos de leques japoneses: o leque dobrável (OGI ou SENSU) e o leque não dobrável (UCHIWA). Porém dentro destes dois estilos existem algumas variações, conforme o local onde são produzidos.

Leques japoneses  Ogi e uchiwa

Leques Uchiwa
Os Leques Uchiwa foram trazidos da China e sua base usa uma moldura circular feito com lâminas estreitas de bambu, coberto por papel washi ou tecido esticado. Ela é plana e rígida, usado basicamente como abanador, para fins decorativos ou em festivais de verão, para serem usados com o yutaka.

Leque japonês

São classificadas em três tipos, conforme os locais onde são produzidos: Bo-shu Uchiwa ( Boshu, sul de Chiba), Kyo Uchiwa (Kyoto) e Marugame Uchiwa (Marugame). Essas três cidades são as campeãs na fabricação de leques artesanais e 100% feito à mão, tanto que foram designadas como “Artesanato Tradicional Nacional Japonês“.



boshuuchiwa

Hoje em dia, os leques uchiwa também são frequentemente oferecidos por diversas empresas como brinde de verão, como forma de marketing ou publicidade. São ilustrados com o slogan da empresa e são feitos geralmente de plástico, pois é mais barato e mais fácil de processar do que o bambu, facilitando a fabricação em massa.
Também são acessórios encontrados aos montes nos festivais de verão, os matsuris. Veja alguns exemplos abaixo:

matsuriuchiwa

Leques Ogi ou Sensu
Já o estilo de Leques Ogi, nasceu no Japão e existem muitas variedades deste estilo, mas basicamente sua estrutura é dobrável, feito com ripas estreitas de bambu, marfim ou cipreste e depois coberto com papel washi ou seda.
Ambos os tipos foram muitas vezes decorados com caligrafia de poemas e sutras budistas. Esse estilo tem sutis diferenças para homens e mulheres, em relação à cor, design e tamanho: 18 a 20 cm para as mulheres e 23 a 24 cm para os homens.

Leques japoneses

Eles pode ser bastante simples ou podem conter belos desenhos ou mensagens, reflexo da escassez de papel que havia naquele período. A grande vantagem desse estilo, é a facilidade de transportá-lo, já que quase não ocupa espaço algum.
Geralmente vem acompanhado de uma caixinha, onde é guardado após o uso. Dentro do estilo Ogi, há vários tipos, como o Kawahori-sen, um leque mais simples, feito de papel, o Maiougi, usado especialmente nas danças japonesas.
Já o Sensu Chasen, usado especialmente em cerimônias do chá, onde permanece na maioria das vezes fechada. É usado somente em casos de desculpas formais ou declarações importantes.

Leque Ogi Sensu