sábado, 8 de dezembro de 2012


Bonenkai – Festa de fim de ano no Japão

Bonenkai, a reunião de fim de ano no Japão
Bōnenkai (忘年会) – Reunião japonesa de final de ano
Todos os anos, durante o mês de dezembro, um ritual muito importante acontece em todo o Japão – o Bōnenkai, uma festa, ou uma reunião de fim de ano. Literalmente, o termo Bonenkai significa:  “esquecer”, Nen “ano”, kai “reunião”, que significa algo como “esquecer as mágoas, mazelas e problemas do ano que passou e se preparar para o novo ano que está chegando”.

Neste dia, colegas, funcionários de empresas, fábricas, escolas ou qualquer outro grupo de pessoas que tem contato regular uns com os outros como clubes, associações e outros, reúnem-se para ter uma chance de esquecer todos os problemas e preocupações que encontraram no decorrer do ano.

Esses encontros acontecem bem ao estilo japonês em Restaurantes ou Izakayas, onde geralmente os convidados sentam-se em em mesas baixas sobre o tatame, sentados em almofadas chamados de Zabuton. No começo, essas reuniões se iniciam quase sempre com uma atmosfera formal, semelhante a uma cerimônia.
Porém, após formalidade inicial, o ar sério desse encontro social tradicional se perde rapidamente durante o brinde oficial, sinalizando de fato o início da festa. Os convidados, em seguida, são servidos com cerveja, vinho, saquê, cocktails e outras bebidas alcoólicas e à medida que bebem, vão ficando se soltando mais.
Antes, eu não tinha idéia de que o álcool tinha um papel tão importante nos encontros sociais. É como se fosse um lubrificante social que ajuda a estreitar as relações no trabalho. Claro, que beber não é uma obrigação, mas a verdade é que a maioria dos japoneses costumam beber muito.
Quase sempre essas reuniões ocorrem no sistema Nomihodai e Tabehodai, ou seja bebe-se e come-se a vontade durante o período de algumas horas. A comida servida é especialmente a típica japonesa como sushis, sashimis, frutos do mar, e entre um brinde e outro, ressoa-se muitas conversas animadas e muitas gargalhadas.

No decorrer da noite é comum os convidados do Bonenkai participarem de algum tipo de entretenimento, como o Karaoke ou até apresentação de músicos profissionais. Os convidados acabam se “soltando”, devido ao excesso de álcool, ficando inclusive embriagados, mesmo aqueles mais tímidos.
Claro, que independente da quantidade de álcool e do comportamento gerado por causa dele, como alguns “vexames”, ou alguma atitude grosseira, no dia seguinte tudo é perdoado e esquecido normalmente, e o assunto nunca é abordado pelos participantes, exceto para dizer o quão agradável o evento foi.
Bonenkai karaoke
Essa é uma das regrinhas do Bōnenkai – Tudo o que acontece no Bōnenkai, permanece no Bōnenkai. A impressão é que esse dia é reservado para serem eles mesmos, sem o compromisso de seguir convenções sociais. E no dia seguinte tudo volta a ser como sempre foi. Essa capacidade de separar as coisas que acontecem sob influência do álcool, do relacionamento do dia-a-dia é simplesmente incrível.
E pode ter certeza de que é muito interessante e por vezes engraçado ver os japoneses “soltinhos”. Mas, melhor que tudo isso é saber que os japoneses mesmo quando estão embriagados, são capazes de reconhecer que não são capazes de dirigir e sempre chamam o Taxi de Bêbado (Taxi Daiko), um táxi que tem dois motoristas, um para levar o “bêbado” e outro para conduzir o carro do bêbado.
Bonenkai, festa japonesa de fim de ano

História do Bonenkai

A origem do Bōnenkai pode ser rastreada até o período Kamakura (1185-1333), quando a política e a economia no Japão era governada pelos guerreiros (bushi). Eles se reuniam no fim do ano para ler o waka (um tipo de poesia japonesa) e discutiam o que aconteceu naquele ano, enquanto saboreavam do mais refinado sake e de aperitivos, servidos em um Izakaya.
Com o passar dos anos, o Japão foi se modernizando e essa festa tradicional de fim de ano chegou às outras classes econômicas e hoje é uma celebração de confraternização realizada por toda a população japonesa, na qual as pessoas se reúnem como forma de aliviar as tensões e estresses do ano que passou.

Nessa época de dezembro, os restaurantes e Izakaya (pub estilo japonês) são muito requisitados para o Bonenkai e muitos devem ser reservados antecipadamente. Os custos com o Bonenkai é feito coletivamente (warikan), dividido entre todos que participaram. O preço vai depender do local onde vai ser realizado a reunião.
Um evento semelhante é o Shinenkai, festa de início de ano, que ocorre durante o mês de janeiro, para dar boas vindas ao no ano que está chegando.



O Ano Novo no Japão – Comidas do Oshougatsu


Como sabemos o Oshougatsu é uma das maiores celebrações no Japão, com uma série de ricas tradições, costumes, rituais, jogos e como não poderíamos deixar de mencionar, a culinária tradicional do Oshougatsu também é diferenciada e rica em alimentos que segundo as superstições japonesas, trazem boa sorte, saúde, longevidade e prosperidade. Conheça os principais alimentos que fazem parte do Ano Novo do povo japonês.

Kagami mochi (镜饼)


O Kagami Mochi é uma decoração especial do Ano Novo japonês para trazer boa sorte e prosperidade no ano novo. É composto por dois bolos de arroz ( mochi ) de diferentes tamanhos, o menor colocado sobre o maior, e um Daidai (um tipo laranja amarga japonesa) colocado na parte superior.
Uma explicação do nome é que a forma dos dois mochi é similar à forma dos espelhos (kagami), antigos, redondos e de cobre, utilizados durante o Período Muromachi. Além disso, o espelho, juntamente com a espada e a joia é um dos três objetos sagrados na religião xintoísta.
A escrita kanji para dadai é 代々, e pode significar “geração em geração”, assim o Dadai simboliza a continuidade das gerações e da vida longa, enquanto o mochi simboliza o ano passado e o ano que vem. Assim, o Kagamimochi simboliza a continuidade da família ao longo dos anos.

Kagami Mochi é mantida até o início de janeiro, quando, no dia 11, (ou no segundo sábado ou domingo de janeiro) é feito um ritual chamado Kagami Biraki (a abertura do espelho), o primeiro ritual importante depois do Ano Novo.
Durante o ritual, o kagami mochi é quebrado, com a mão ou com um martelo. Jamais deve-se usar uma faca pois isso significaria cortar os laços familiares. Os pedaços do mochi é cozido, levando o nome de shiruko e durante a cerimônia ingere-se o kagamimoshi ou abre-se um barril de saquê (Zouni).

Mochi ( 餅 )


Apesar de ser um alimento consumido no ano todo, ele é amplamente consumido durante as cerimônias do ano Novo, cerimônias e casamentos. No Japão, muitas pessoas fazem o mochi em suas próprias casas com uma máquina de mochi ou máquina de fazer pão.
Mochi é um bolo de arroz, levemente doce e glutinoso e segundo a tradição, deve-se oferecer aos deuses antes de serem consumidos no Oshogatsu. Essa tradição se originou de uma lenda chinesa, que diz que quem comer mochi no Ano Novo, estará comendo o espírito do arroz, enriquecido pelos deuses.
O processo para fazer o mochi é um tanto complexo. Um dia antes, ele deve ser deixado de molho, para que no dia seguinte seja sovado por duas ou mais pessoas. Durante o sovamento, deve-se ir acrescentando água para umedecer a massa. Depois de pronto, é preciso dar forma ao mochi. O formato depende de cada região, em Tóquio por exemplo, é comum o mochi ter o formato cúbico.

No entanto, a superstição manda não fazer mochi no dia 29 de dezembro, pois pode trazer má sorte. Isso porque, o “Mochi” soa como a palavra para “ter” e 9, “ku” soa como a palavra “problema”. Durante o Oshougatsu, ocorre o festival do Mochitsuki, onde o mochi é preparado e distribuído para o público. A data do festival, depende de cada local, mas geralmente ocorre no terceiro dia de janeiro.

Veja como se faz mochi:

Amazake (甘酒)

Amazake é uma bebida tradicional, feita de arroz fermentado, levemente adocicado, espessa e de baixo teor alcoólico. É também conhecida como saquê doce e é muito comum encontrar essa bebida nos templos durante o Hatsumode, podendo ser servido como bebida, sobremesa, lanche ou até molho para salada.

Como o Ano Novo no Japão é em pleno inverno, o Amazake é servido quente e com um pouco de gengibre ralado, o que ajuda os frequentadores dos Santuários a se esquentarem. Além de ser muito nutritivo, os japoneses acreditam que essa bebida cura até ressaca.

Toshikoshi Soba (macarrão de trigo sarraceno)


Este macarrão que tem essa coloração cinza escuro e com um sabor forte é feito com trigo sarraceno. Segundo a tradição japonesa, comer soba noodles na véspera do Ano Novo, especialmente durante a virada, traz longevidade e também é uma forma de se despedir do ano velho e saudar o ano novo, portanto é um prato importante durante o Reveillon japonês.

Osechi-ryouri (お節料理)


Durante os três primeiros dias do ano (sanganichi), os japoneses costumam comer Osechi. São alimentos dispostos artisticamente em uma caixa de madeira laqueada e decorada (juubako), geralmente de forma quadrada ou redonda.
Osechi é comprado em lojas de departamentos especializados e tem como objetivo dar um descanso para as donas de casa, ficando assim, isentas dessa função. O Osechi é servido frio e cada prato tem um significado para trazer sorte e prosperidade.
Alguns itens de alimentos que fazem parte do Osechi:
kazunoko (ovas de arenque), simboliza a fertilidade e prosperidade.
Kobumaki (Alga Kobu ou kombu enrolado) é consumida para trazer a felicidade no novo ano.
Datemaki (omelete) simboliza sabedoria e sucesso acadêmico.
Takenoko (broto de bambu), tem o mesmo significado do kazunoko, ou seja, simboliza a fertilidade e a prosperidade.

Ozoni (お雑煮)


Ozoni é uma sopa que serve como acompanhamento do Osechi, e segundo a tradição, atrai sorte. O jeito de preparar, depende de cada família, mas geralmente vai mochi (bolinho de arroz) e outros itens como vegetais, frango,frutos do mar,  kamaboko (pasta de peixe cozido no vapor), gomame (peixe seco “caramelizado” no molho de soja doce), kuromame (feijão preto cozido), kuri kinton (castanhas em purê de batata doce) entre outros.

Otoso ( 屠蘇)


Otoso é um vinho adocicado de arroz e segundo a tradição japonesa, fazer um brinde (kampai) com essa bebida durante a virada do ano, traz sorte e também tem o poder de exorcizar os maus espíritos.


domingo, 7 de outubro de 2012


Leques tradicionais japoneses


Leques tradicionais japoneses
Os leques tradicionais japoneses (ファン, lê-se Fuan) são algo que logo vem à nossa cabeça quando pensamos nos objetos que fazem parte da cultura japonesa, assim como o katana. Na verdade, os tradicionais leques tem permeado a cultura japonesa ao longo de sua história. Por exemplo, uma gueixa jamais ficará completamente vestida se não estiver segurando esse acessório ornamental.

No Japão, ele tem uma série de utilidades, que vai além do óbvio, que é proporcionar uma brisa fresca ao usuário. Antigamente, os leques já foram usados em cerimônias religiosas, com a intenção de afastar o mal. Era também muito usado para proporcionar sombra para a moças aristocratas ou da realeza japonesa.
Leques japoneses
Os leques também serviam para definir o status social: Manter o leque fechado entre você e outra pessoa, significava que seu status era superior ao da outra pessoa. Já mantê-lo aberto, significava o contrário. Os leques também foram muito usados no teatro japonês kabuki e Noh para acentuar os movimentos de dança.
Para nós ocidentais pode ser um simples objeto para se refrescar no verão, porém no Japão, eles ganham um contexto altamente cultural, histórico e artístico, as quais muitos deles são pintados à mão com belas ilustrações ou escritos belas mensagens ou ideogramas. Também podem ser usados como acessórios de decoração nas casas, ou presos na parede ou em pé, sobre algum móvel.
Leques japoneses tradicionais kabuki decoração
Os leques passaram a se popularizar entre a população comum a partir do século 16. As ilustrações comuns nessa época era de retratos de atores do kabuki, paisagens ou mensagens. Hoje em dia ele é muito visto nos festivais, onde as moças vestidas de yukata, (quimono de verão), se abanam durante o verão quente e úmido japonês.
Leque japonês Festivais


Tipos de leques tradicionais japoneses


Existem basicamente dois tipos de leques japoneses: o leque dobrável (OGI ou SENSU) e o leque não dobrável (UCHIWA). Porém dentro destes dois estilos existem algumas variações, conforme o local onde são produzidos.

Leques japoneses  Ogi e uchiwa

Leques Uchiwa
Os Leques Uchiwa foram trazidos da China e sua base usa uma moldura circular feito com lâminas estreitas de bambu, coberto por papel washi ou tecido esticado. Ela é plana e rígida, usado basicamente como abanador, para fins decorativos ou em festivais de verão, para serem usados com o yutaka.

Leque japonês

São classificadas em três tipos, conforme os locais onde são produzidos: Bo-shu Uchiwa ( Boshu, sul de Chiba), Kyo Uchiwa (Kyoto) e Marugame Uchiwa (Marugame). Essas três cidades são as campeãs na fabricação de leques artesanais e 100% feito à mão, tanto que foram designadas como “Artesanato Tradicional Nacional Japonês“.



boshuuchiwa

Hoje em dia, os leques uchiwa também são frequentemente oferecidos por diversas empresas como brinde de verão, como forma de marketing ou publicidade. São ilustrados com o slogan da empresa e são feitos geralmente de plástico, pois é mais barato e mais fácil de processar do que o bambu, facilitando a fabricação em massa.
Também são acessórios encontrados aos montes nos festivais de verão, os matsuris. Veja alguns exemplos abaixo:

matsuriuchiwa

Leques Ogi ou Sensu
Já o estilo de Leques Ogi, nasceu no Japão e existem muitas variedades deste estilo, mas basicamente sua estrutura é dobrável, feito com ripas estreitas de bambu, marfim ou cipreste e depois coberto com papel washi ou seda.
Ambos os tipos foram muitas vezes decorados com caligrafia de poemas e sutras budistas. Esse estilo tem sutis diferenças para homens e mulheres, em relação à cor, design e tamanho: 18 a 20 cm para as mulheres e 23 a 24 cm para os homens.

Leques japoneses

Eles pode ser bastante simples ou podem conter belos desenhos ou mensagens, reflexo da escassez de papel que havia naquele período. A grande vantagem desse estilo, é a facilidade de transportá-lo, já que quase não ocupa espaço algum.
Geralmente vem acompanhado de uma caixinha, onde é guardado após o uso. Dentro do estilo Ogi, há vários tipos, como o Kawahori-sen, um leque mais simples, feito de papel, o Maiougi, usado especialmente nas danças japonesas.
Já o Sensu Chasen, usado especialmente em cerimônias do chá, onde permanece na maioria das vezes fechada. É usado somente em casos de desculpas formais ou declarações importantes.

Leque Ogi Sensu


Simbolismo do leque tradicional japonês


Como tudo no Japão, o leque também tem seu simbolismo. Sua extremidade simboliza o nascimento, enquanto suas lâminas simbolizam os muitos caminhos possíveis que nos deparamos na nossa vida. As cores também tem significados: Vermelho e branco são considerados sorte, dourado é usado para atrair riqueza.
No Japão, os leques acompanham a vida das pessoas, desde o seu nascimento e passando por todas as etapas da sua vida como batizados, durante o Shichigosan, uma comemoração do terceiro, quinto e sétimo aniversários das crianças. Também está presente na hora de selar o compromisso entre dois apaixonados, onde se costuma trocar leques, ao invés de alianças.


Na cerimônia típica de casamento, o leque também está presente. na qual a noiva ostenta um leque dourado de um lado e um prateado do outro; já o noivo, usa um leque branco durante a cerimônia. Nos velórios, eles também estão lá, onde os convidados levam um leque cinza-esverdeado, que é usado uma única vez.


Significado das estampas dos leques


Muitas vezes, os leques são dados de presentes para homenagear nascimentos, batizados ou aniversários. A maioria são coberto de desenhos florais, pois para o japonês, flores são símbolos de vida, especialmente os crisântemos, onde suas pétalas perduram por longos anos. É comum também ilustrações de animais como a tartaruga e o tsuru, símbolos da longevidade.


Em casamentos é comum darem leques ilustradas com plantas perenes, tais como bambu e pinho, pois simbolizam resistência. Flores de cerejeira (sakura), simbolizam o amor entre pais e filhos. Rosas significam amor, e a combinação de rosas e pinheiros simbolizam os opostos que se atraem, seguindo os princípios de yin e yang.



Leques com ilustrados com aves em pares simbolizam casais apaixonados, porém aves pretas representam o mal. Leões simbolizam realeza, força e proteção, enquanto os tigres significam guerra. Um cavalo pode simbolizar a misericórdia (especialmente se ele é branco). Uma borboleta significa uma mulher vaidosa e inconstante, mas se forem duas simbolizam um casamento feliz. Um  koi (carpa), simboliza riqueza, sorte e uma vida longa.



Fonte: Japão em foco

domingo, 3 de junho de 2012


Curiosidades sobre o Monte Fuji (FujiSan)







Curiosidades sobre o Monte Fuji
Monte Fuji (富士山) é um dos símbolos e um dos mais belos cartões postais do Japão, além de ser considerada uma das montanhas mais bonitas do mundo, devido à sua beleza e simetria. Na verdade, o Fujiyama não é simplesmente uma montanha. Se trata de um vulcão que está em inatividade há mais de 300 anos e que acabou se tornando uma das atrações mais populares do Japão, sendo muito procurado por turistas, além de ser muito amado e reverenciado pelo povo japonês.

Essa bela montanha serve de inspiração para diversos artistas há várias gerações, seja em forma de poemas, romances, pinturas ou fotografias. Embora seja belo em todas as estações, o Monte Fuji alcança o ápice da sua beleza durante a Primavera, onde o seu cume coberto de neve é emoldurado pelas flores de cerejeira. Esse cenário lhe fez ganhar o apelido de Fuji Konohana Sakuahime, que significa “fazendo a flor desabrochar brilhantemente.”
Monte Fuji na Primavera
Monte Fuji na Primavera

Curiosidades sobre o Monte Fuji:

• É chamado Fuji-san (富士山) em japonês e a origem do nome Fuji é controverso. Alguns dizem que deriva da língua da tribo indígena Ainu, que ao pé da letra significa “vida eterna”. Os estudiosos, no entanto, dizem que o nome se origina da língua Yamato e refere-se a “Fuchi”, a deusa do fogo budista.
• Embora seja bastante conhecido por nós ocidentais como Fujiyama, devido ao último kanji (山) significar montanha, a única forma correta de fazer referência ao monte Fuji é Fuji-san, que também significa montanha, usando o mesmo kanji.
• Outros nomes japoneses utilizados para fazer referência ao Fuji-san, que caíram em desuso, incluem Fuji-no-Yama (montanha de Fuji), Fuji-no-Takane (pico alto de Fuji), Fuyō-hō (Pico de lótus’) e Fu-gaku (Fuji montanha).
Monte Fuji, reflexo no lago Tanuki
Monte Fuji, reflexo no lago Tanuki




• Fuji-san é considerado uma montanha sagrada para muitas religiões. O povo Ainu reverenciavam o grande pico. Os xintoístas criaram um santuário no topo em reverência à deusa Sengen-Sama, que encarna a natureza. Já a seita Fujiko acredita que a montanha é um ser que possui alma.
• O Monte Fuji é considerado sagrado pelos japoneses desde os tempos antigos pelos budistas, que acreditam que a montanha é a porta de entrada para um novo mundo, juntamente com o Monte Tate e Monte Haku, que formam as “Três Montanhas Sagradas” do Japão.
• O Fuji-san é a montanha mais alta do Japão e a 35ª do mundo; O ponto mais alto tem 3.776 metros de altura. Sua cratera é de 820 metros de profundidade e tem um diâmetro de superfície de 1.600 metros.
Monte Fuji e Templo, no Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu
Monte Fuji e Templo, no Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu
• O Monte Fuji é a montanha mais escalada no mundo. São mais de 200 mil pessoas que sobem até o cume todos os anos, nos meses de julho e agosto. Cerca de 30% das pessoas que sobem são estrangeiros.
• Há um ditado japonês que diz que todo homem nascido no Japão, deve escalar o Monte Fuji, pelo menos uma vez em sua vida. Ao fazer isso, ganhará benção espiritual e sorte em sua vida.
• O Monte Fuji fica na fronteira entre as províncias de Yamanashi e Shizuoka e a uma distância de cerca de 60 quilômetros a sudoeste do centro de Tóquio. Devido à pouca distância, os moradores de Tóquio e Yokohama podem ter o privilégio de avistar a montanha nitidamente em dias claros.

Vista do Monte Fuji em fim de tarde à partir de Tóquio
• Monte Fuji é um vulcão adormecido há mais de 3 séculos. A montanha foi formada em quatro fases de atividade vulcânica há mais de 600.000 anos atrás. A última erupção do Monte Fuji ocorreu de 16 de dezembro de 1707 a 01 de janeiro de 1708.
• A primeira pessoa a subir o Monte Fuji foi um monge anônimo, no ano de 663; Depois, o pico passou a ser escalado apenas por homens. O primeiro ocidental conhecido por escalar Fuji-san era Sir Rutherford Alcock, em setembro de 1860.
• Mulheres eram proibidas de subir até o cume, até a Era Meiji, no final do século 19. A primeira mulher branca a subir o Monte Fuji, foi Lady Fanny Parkes em 1867.
Monte Fuji e Shinkansen
Monte Fuji e um dos Shinkansen que passam em torno dele
• A temperatura média no topo varia de 18 a 8 graus celsius no verão. Porém, como venta bastante a sensação térmica é de graus negativos. Já no inverno a temperatura no topo pode chegar a – 40° C.
• Existes 4 rotas principais para subir o monte fuji: Yoshidaguchi, Subashiri, Gotemba e Fujinomiya. Em cada trilha, se encontra 10 paradas, onde se pode encontrar bebidas, comidas e lugares para descansar. A cada parada, as coisas ficam mais caras, portanto o ideal é levar mantimentos.
• O Monte Fuji é cercado pelos Cinco Lagos de Fuji (Fujigoko): Kawaguchi, Yamanaka, Sai, Shoji e Motosu. O Monte Fuji, o Fujigoko, além de Hakone, Península e ilhas de Izu, fazem parte do Fuji-Hakone-Izu Kokuritsu Kōen, um Parque Nacional, com várias centenas de quilômetros que abrange as províncias de Yamanashi, Shizuoka, Kanagawa e Tóquio.
Monte Fuji Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu
Monte Fuji Parque Nacional Fuji-Hakone-Izu
• O cantor Kyu Sakamoto contratou carregadores para levar um piano para uma apresentação no topo.
• O Monte Taranaki na Nova Zelândia tem 2518 metros de altura e é tão parecido com o Fuji em alguns ângulos e aspectos, que se passou por ele no filme ¨O Último Samurai¨.
• Em 1910, a compositora e caligrafista Iwaya Sazanami, criou a música “ Fuji-San “em homenagem ao Monte Fuji. A música é cantada até hoje pelas crianças.
Veja a letra, tradução e o vídeo abaixo:
LetraTradução
Atama o kumo no ue ni dashi,
shiho no yama o mioroshite,
kaminari-sama o shita ni kiku,
Fuji wa Nippon-ichi no yama.
Aozora takaku sobie-tachi,
karada ni yuki no kimono kite,
kasumi no suso o toku hiku,
Fuji wa Nippon-ichi no yama.
Tem uma cabeça acima das nuvens
Olha para as montanhas ao redor
Ouve um trovão abaixo
Fuji, a montanha mais alta do Japão
Está alto no céu azul
Vestindo um quimono de neve
e uma bainha prolongada de névoa
Fuji, a montanha mais alta do Japão
Vídeo:
monte-fuji-galeria



Cultura Japonesa! Cerimônia do Chá



A cerimônia do chá japonesa (chanoyu 茶の湯, lit. "água quente [para] chá"; também chamada chadō ou sadō, 茶道, "o caminho do chá") é uma atividade tradicional com influências do Taoísmo e Zen Budismo, na qual chá verde em pó (matcha, 抹茶) é preparado cerimonialmente e servido aos convidados. O matcha é feito da planta chamada chá, camellia sinensis. 


O praticante de cerimônia do chá precisa ter conhecimento de uma ampla gama de artes tradicionais que são parte integral do chanoyu, incluindo o cultivo e variedades de chá, vestimentas japonesas (kimono), caligrafia, arranjo de flores, cerâmica, etiqueta e incensos — além dos procedimentos formais de seu estilo de chanoyu, que podem passar de uma centena. Assim, o estudo de cerimônia do chá praticamente nunca termina. Mesmo para participar como convidado em uma cerimônia formal é preciso conhecer os gestos e frases pré-definidos, a maneira apropriada de portar-se na sala de chá, e como servir-se de chá e doces, 

Beber chá é um costume introduzido no Japão, no século IX, na forma de chá de infusão (団茶, dancha) por um Monge Budista Eichu (永忠), quando retornava da China ao Japão, aonde conheceu a Erva, de acordo com a lenda, após 200 anos. O chá tornou-se a bebida mais consumida no Japão, e cultivada em seu próprio território.


O costume de beber chá, iniciou-se de forma medicinal, e por razão de luxo, uma vez que era importada da China. no século IX, O Autor Chinês Lu Yu escreveu o Ch'a Ching , um manual sobre o cultivo e preparação do chá. A vida de Lu Yu foi influenciada pelo budismo. A idéia dele foi crucial para a criação e aprimoramento da cerimônia.

No século XII, um novo tipo de chá surge, o matcha, foi trazido por Eisai, outro monge japonês retornando da China. Considerado um chá verde mais forte, retirado da mesma planta de chá preto , foi inicialmente utilizado em rituais em Templos Budistas. Já no século XIII, samurais já consumiam a bebida matcha, como uma adaptação do Budismo, com isso, o futuro do chá estava traçado.


Por volta do século XVI, beber o chá se popularizou, chegando a atingir todas as camadas sociais do Japão. Sen no Rikyu, um dos maiores destaques na história da cerimônia do chá, seguido pelo seu mestre, Takeno Jōō, de acordo com a filosofia  ichi-go ichi-e, cada cerimônia do chá é única, e nunca poderá ser reproduzida. Seus ensinamentos foram responsáveis pelo desenvolvimento de novos estilos arquitetonicos japoneses, como Jardins, Arte e todo o desenvolvimento e criação da cerimônia do chá. E os ensinamentos resistem até hoje.

Os Utensílios da cerimônia são chamados de dōgu (道具, literalmente "Ferramentas"). A quantidade de dōgu necessários a uma cerimônia varia em função da escola e do estilo da demonstração. A sua variedade, nomes específicos e combinações de utilização tornam impraticável pela sua extensão a inclusão neste espaço de uma lista pormenorizada. Existem no Japão dicionários específicos que chegam a ter centenas de páginas. Apresenta-se de seguida uma lista simplificada com os itens essenciais:

Fukusa (lenço de seda)
Chawan (taça)
Natsume ou Cha-ire (boião para o chá em pó)
Chasen (batedor para preparar o chá)
Chashaku (espátula para servir o chá em pó)
Chakin (pano para limpar a taça)
Hishaku (concha de bambú)
Kensui (recipiente para a água suja)
Tana (pequena estante para colocar os utensílios)
Kama (panela de ferro)
Furo (braseiro)


A Harmonia resulta da interação do anfitrião, do convidado, da comida servida, dos utensílios usados e da natureza. Antes do chá, será oferecido doce ou uma leve refeição ao convidado cujos pratos estarão de acordo com a estação do ano. O segundo princípio, o Respeito, refere-se à sinceridade do coração, aberto para um relacionamento com o ser humano e a natureza, reconhecendo a dignidade inata de cada um. A Pureza, segundo os ensinamentos de Rikyu, relaciona-se ao simples ato de limpar. Os preparativos, o próprio serviço do chá e a limpeza após a cerimônia estão colocando em ordem, também, o seu próprio íntimo. E, esta ordem é essencial. Finalmente, a Tranquilidade é o conceito estético próprio do chá, alcançado através da prática constante em nosso cotidiano desses três primeiros princípios básicos. Segundo Rikyu, o ponto essencial do Caminho do Chá é que seus princípios são dirigidos à totalidade da existência e não somente aos momentos vividos em uma sala de chá. E é uma disciplina a ser treinada durante toda uma vida. São necessários pelo menos 10 anos para o domínio de todas as nuanças relativas à cerimônia.
A sequência de gestos é realizada pelos mestres e aprendizes que fazem a cerimônia. O preparo da bebida e o ato de servir têm um significado espiritual, ao qual se dá o nome de chado, ou caminho do chá, que tem três princípios básicos: todos são iguais, respeito ao outro e gratidão por aquele que prepara o chá.

Em média uma cerimônia dura 40 minutos, mas em alguns casos pode chegar a 4 horas. O tempo se alonga se for considerado o início da cerimônia, quando ocorre a caminhada por um jardim de pedras tipicamente japonês. O ponto alto acontece quando os participantes compartilham o momento de tomar a bebida.