terça-feira, 12 de novembro de 2013

Shichi Fukujin, os 7 Deuses da Sorte

Os  Sete Deuses da Fortuna

Shichi Fukujin (七福神) são os 7 deuses da sorte e da fortuna e precursores de conhecimento, riqueza, saúde, prosperidade, etc. Faz parte da mitologia e tradição japonesa relacionada ao Ano Novo (O Shougatsu). Assim como para nós, o Papai Noel e seu trenó, juntamente com as renas são referências do Natal, os sete deuses em sua arca, o Takarabune (arca do tesouro), são referências do Ano Novo no Japão, para trazer presentes, fortuna, felicidade e sorte.

Uma superstição muito comum é colocar uma imagem com os 7 deuses no Takarabune, debaixo do travesseiro, no dia de Ano Novo, para trazer sorte para o ano que está começando. Dentre os 7 deuses, apenas um tem suas origens no Japão, o Ebisu. Os outros seis deuses são originários de outras culturas, como China e Índia, sendo assimilados ao longo dos séculos pela mitologia e cultura japonesa.

Conheça os 7 deuses da sorte e da fortuna

Fukurokuju (Deus da felicidade, sabedoria, longevidade e fertilidade),

Hotei (Deus da felicidade e abundância),

Juroujin (Deus da longevidade),

 Bishamon (Deus da guerra e dos guerreiros),

 Ebisu (Deus dos pescadores, comércio e riqueza), 

Benzaiten (deusa das artes e do conhecimento) e

Daikokuten (Deus da riqueza e prosperidade)




             Hotei: Deus da abundância e da felicidade

Hotei: 
também é conhecido como Buda risonho e é retratado como um monge budista e eremita, que viveu na China no século 10. É considerado o patrono das crianças pobres, para quem entrega os presentes que carrega em sua grande bolsa.
É careca, baixinho e sua grande barriga simboliza o seu grande coração e foi muito amado pelo povo. Mesmo deitando sobre neve, seu corpo não se molha, acerta todas as previsões de tempo, e, segundo contam, nunca errou ao adivinhar sobre a sorte das pessoas.
Jurojin: Deus da Longevidade

Jurojin, 
também conhecido como Gama, tem sua origem na China no final do século 11, assim como Hotei. Possui uma longa barba branca, cabeça alongada e careca, vestido como um sábio chinês, sempre sorridente. Muitas vezes é confundido com o deus Fukurokuju, devido às semelhanças físicas.
Anda sempre acompanhado do seu cajado, um copo com Sake e um pergaminho, onde está escrito o tempo de vida de todos os seres que habitam a Terra e também sobre toda a sabedoria do mundo. Ele viaja sempre na companhia de animais como cervos, tsurus e tartaruga, símbolos da longevidade no Japão.
Fukurokuju: Deus da sabedoria, riqueza e fertilidade

Seu nome se traduz literalmente como: Fuku – Felicidade, Roku – Riqueza e Ju – Longevidade. Ele tem origem chinesa e é muitas vezes é confundido com Jurojin, pois compartilha muitas características semelhantes. Ambos têm uma testa longa – símbolo de sua sabedoria, possuem barba branca e comprida, são carecas e se vestem tipicamente como velhos sábios chineses.
Carregam consigo um pergaminho, um cajado e animais que simbolizam uma vida longa e sabedoria. O que separa Fukurokuju dos outros 6 Deuses é o fato de que ele é o único entre eles com a capacidade de ressuscitar os mortos e de sobreviver sem comer. Enquanto Jurojin carrega um copo de Sake com ele, Fukurokuju não.
Bishamon: Deus da Guerra e dos guerreiros

Bishamon, Bishamonten ou Tamonten,
 Como também é conhecido, é o Deus da Guerra e dos guerreiros. Sua origem é hindu e se caracteriza por vestir armadura, capacete e uma lança. Ele é considerado o protetor dos lugares por onde Buddha pregou e se tornou uma Divindade budista da Índia, defensor da paz, protetor dos justos e da lei budista.
É considerado símbolo de autoridade e tinha o poder de salvar os imperadores de doenças graves, de expulsar os demônios e a peste. Ele vive no meio da montanha sagrada de Sumeru. Traz boa sorte na batalha e na defesa e distribui tesouros e boa sorte aos pobres e pessoas dignas.
Benzaiten: Deusa da beleza, arte e conhecimento

Benzaiten,
 é o nome Japonês dado à deusa hindu Saraswati, deusa indiana. É a única deusa mulher dentre os sete deuses da sorte. Ela é a deusa de tudo o que flui – seja ele água, voz, música, e todo tipo de arte e conhecimento. Benzaiten é a filha do Rei Dragão de Munetsuchi, muito bonita e sua figura está sempre associada a um instrumento musical, geralmente sentada sobre um dragão ou serpente.
Segundo as lendas, ela tem o poder de se transformar em uma serpente. Originalmente ela é representada como a deusa de 8 braços, na Índia. Com eles, ela segurava o arco, a flecha, espada, machado, lança, pilão de comprimento, rodas de ferro e corda de seda. Porém, durante o período Kamakura – artistas e escultores passaram a retratar Benzaiten com dois braços e sempre carregando uma Biwa (instrumento musical).
Daikokuten: Deus da Riqueza e do Comércio 

Daikokuten 
é outro entre os Sete Deuses da Sorte do Japão que se originou na Índia. Originalmente Mahakala, uma emanação de Shiva, Daikoku chegou ao Japão – via o Tibete e a China. Ele é considerado o deus da riqueza, comércio, fazendeiros, cozinheiros, etc. Em pinturas e estátuas, Daikokuten é caracterizado com roupas de caça antiga, capuz ou gorro. Está sempre em pé ou sobre fardos de arroz e sua protuberante barriga indica que está bem alimentado e próspero.
Carrega na mão direita um martelo de madeira que, ao atingir, distribui sorte. No saco ao ombro, carrega tesouros, que antigamente eram arroz para superar a fome. Hoje são: sabedoria e paciência. Devido à sua associação com cozinha e alimentos, imagens de Daikoku são muito comuns nas cozinhas dos mosteiros budistas e casas particulares.
Ebisu: Deus dos Pescadores e da Riqueza

Ebisu 
é o único entre os Sete Deuses da Sorte que originou no Japão. Seu nome de nascimento é Hiruko e ele nasceu sem ossos, por causa da transgressão de sua mãe durante o ritual de casamento. Por ter nascido muito fraco e não conseguir andar, ele foi lançado ao mar em um barco, antes de completar seu terceiro aniversário.
Um Ainu chamado Ebisu Saburo o encontrou e o salvou. Por ter vindo do mar, Ebisu é o deus guardião das viagens marítimas e também guardião das plantações de arroz e agricultura em geral. É considerado o Deus dos Pescadores, do oceano, e crianças pequenas no Japão. Sua imagem é sempre relacionada a uma vara de pescar na mão direita e um peixe grande na sua esquerda. É dito ser filho de Daikokuten e por isso frequentemente é associado com ele.

Kagami Biraki – Cerimônia da Comunhão Espiritual


Cerimônia do Kagamibiraki
Cerimônia Kagami Biraki

Kagami Biraki (がみもち / 鏡開き) é um ritual tradicional de Ano Novo que ocorre no dia 11 de janeiro. Sua tradução literal seria “Abertura do espelho” e também “Corte de um Mochi”. É uma cerimônia realizada em muitas escolas tradicionais de artes marciais (dojos) e também em muitos lares e templos japoneses.

Se trata de uma tradição antiga realizada pelos samurais durante o século 15 e que foi adotado pelas artes marciais modernas, a partir de 1884, quando Jigora Kano (o fundador do judô), instituiu o costume no Kodokan, sede de sua organização, embora com algumas mudanças para se adaptar aos dias de hoje.
Desde então, outras artes japonesas, como Aikido, Karatê e Jujutsu, adotaram o ritual no Ano Novo, como uma tradição de nova consagração, renovação e espírito. Embora o dia oficial seja dia 11, muitas vezes a celebração acontece no 2° sábado ou domingo de janeiro para que todos os alunos possam participar.

Simbolismo do Mochi

mochi é considerado o maior símbolo do Ano Novo japonês pois é dito trazer sorte e abundância. O mochi é um bolinho de arroz feito no vapor e tem o aspecto pegajoso (mochi gome). No passado, o mochi era feito em casa, mas hoje em dia, a maioria das famílias já o compra pronto. Já o Kagami Mochi é o mochi ornamental de final de ano, que consiste em dois mochis sobrepostos, um maior que o outro e com uma laranja dadai no topo.
Durante o mês de dezembro, ele é colocado em um altar em um santuário ou tokonoma (alcova) como uma oferta às divindades que visitam no Ano Novo. No dia 11 de janeiro o Kagami mochi é quebrado em pedaços menores e repartido entre as pessoas antes de ser comido. Mas ele jamais deve ser cortado com uma faca, pois segundo superstições esse ato tem conotações negativas (como “cortar laços”).

Ao invés disso, o Kagami mochi deve ser quebrado com as mãos ou um martelo. Essa quebra simboliza “o que sai” na mitologia japonesa, como um ato de renovação espiritual. As peças menores são torrados e colocados no shiruko (sopa de feijão doce cozido) ou zoni (sopa de legumes e carne). Quando o Kagami Mochi é partilhado e consumido por todos, é visto como um ato de comunhão espiritual.
Acreditava-se que esse ritual não só simboliza a renovação das almas de seus ancestrais, mas também a absorção do espírito (ou aura) do Toshigama (Deusa do Sol). Por esta razão, comer Kagami Mochi sempre representa a renovação, dedicação, felicidade, sore, esperança, otimismo, oração e paz no ano novo.

Origem da Cerimônia Kagami Biraki

A origem da cerimônia teria começado por Tokugawa Ietsuna, o quarto Shogun do clã Tokugawa poderoso (1651-1680). Ele reuniu seu Daimyo (clãs feudais) no castelo de Chiyoda, antes de uma batalha e segundo uma versão, ele exibiu um espelho, realizaram uma dança de guerra na frente dele e depois oraram para a vitória.
No ritual, um barril de saquê foi quebrado com um martelo de madeira. Após a vitória de Ietsuna na batalha, o Kagami Biraki passou a se tornar uma cerimônia frequente para trazer sorte e vitória ao clã feudal. O Sakeassim como o mochi, é considerado sagrado e por isso está presente na maioria das cerimônias no Japão.
Nos últimos anos, algumas pessoas têm feito outras interpretações do Kagami Biraki. Como significa “Abertura do Espelho”, do ponto de vista xintoísta, o espelho seria sua auto-imagem, ou seja a imagem que você tem de si mesmo ou seu próprio ego. Ao quebrar o Kagami Mochi, você estaria quebrando sua auto-imagem que te liga ao passado, dando-lhe a oportunidade de experimentar o novo, o agora, o hoje.

Kagami Biraki nos dias de hoje

Atualmente, a cerimônia é realizada também em casamentos, eventos esportivos, na fundação de novas empresas e em outros eventos importantes. O mochi e o saque são distribuídos entre todos os participantes com o espírito de compartilhar um momento feliz, de união, cooperativismo e dedicação de um grupo.
A data foi escolhida próximo ao Ano Novo seria para demonstrar a importância do início, afinal Ano Novo significa um novo período de vida. Seria uma forma de começar o novo ano em alto espírito, partilhar a energia e a união entre as pessoas. Está também associada a uma limpeza espiritual de primavera.
Nas escolas de artes marciais, os dojos são limpos e decorações são freqüentemente colocados ao redor do dojo. Depois joga-se sal para que a cerimônia também seja de purificação. O sal simboliza a bondade, pureza e virtude, e ao ser varrido com ramos de pinheiros, leva com ele o material e impurezas espirituais do passado.
Se antigamente a partilha do mochi entre os membros da família e do clã ajudava a fortalecer os laços de lealdade e amizade entre os guerreiros, hoje em dia esse conceito continua. O mochi ajuda a preparar o corpo para o novo ano, assim como o Nanakusa Gayu no dia 7 de janeiro, é dito curar o corpo de muitas doenças.


お正月 - OSHOGATSU (ANO NOVO) - DE 1 A 3 DE JANEIRO

O Ano Novo, ou shogatsu , é considerado pelos japoneses o feriado mais importante do ano. No período de 1º a 3 de janeiro, as pessoas procuram descansar e passar o tempo com suas famílias.

Kadomatsu
Para purificar as energias, as casas são limpas e devidamente decoradas:
 o kadomatsu é colocado na entrada das casas para trazer sorte aos moradores; o shimenawa é colocado no portão, na intenção de afastar os maus espíritos e receber as divindades; o kagami mochi é colocado em altares religiosos e oferecido aos deuses.

Kadomatsu:
Ornamento feito com ramos de pinheiro (símbolo de longevidade), haste de bambu (símbolo de persistência) e galhos de ameixeira (símbolo de prosperidade).

Kagami Mochi:
 Bolinho de arroz menor em cima de outro maior. Oferenda que deve permanecer até o dia 11 de janeiro. Simboliza a expectativa de felicidade e prosperidade .

Shimenawa:
 Talismã feito com um pedaço de corda de palha grossa entrelaçada com tiras de papel branco. Depois são amarrados um cacho de laranja, um pedaço de alga marinha ou lagosta.

Shogatsubana:
Arranjos florais feitos com camélias, pinheiros e tuias (símbolos de longevidade); bambu (símbolo de força, resistência e flexibilidade) e crisântemos (símbolo de paz).

Rituais

Kagami Biraki:
No dia 11 de janeiro, o kagami mochi é partido em vários pedaços e servido numa sopa. A repartição é feita com as mãos ou martelo, pois, por ser um amuleto, não deve ser cortado com objetos afiados.
Joya no Kane:
Cerimônia em que os templos tocam o sino 108 vezes (o último toque acontece meia-noite em ponto). Acredita-se que cada badalada corresponde a um pecado humano. É comum visitar templos nos três dias de comemoração.
Bonenkai e Shinenkai:
 Um novo ano significa vida nova, por isso é necessário resolver os problemas e esquecer os rancores do ano anterior. Para isso são realizadas confraternizações chamadas bonenkai (em dezembro) e shinenkai (após o shogatsu). O primeiro purifica o espírito e o segundo dá boas vindas ao novo ano.
Namahage:
Realizado no dia 15 de janeiro. Rapazes vestidos de diabos ( Oni ) bagunçam casas e brincam de ameaçar pessoas com tridentes. Apesar de simbolizar a maldade, em algumas ocasiões o demônio é tratado no bom sentido. Neste caso, receber a visita de um oni é sinal de felicidade.